21.6.06

O tudo e o nada



O que devia ter sido foi, mas nada soubemos disso e jamais saberemos.
Dos tremores de terra soubemos, e podemos dizer sem jactância que nos orgulhamos de havê-los pressentido. Para além destes jogos telúricos, as majestosas trajectórias dos nossos destinos estiveram sempre escondidas. Surgiram sem razão em dois corações, no deserto, no limite do mar inacessível, estenderam-se em linhas magníficas, poliram-se, desapareceram.
E o espelho das ondas voltou a mergulhar na solidão e no sono.
Tu debaixo da terra, eu em cima, lutamos esta noite contra a mesma morte, a nossa e a do mundo.


Ernesto Sampaio, Fernanda

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