10.7.06
Agora
agora o ar é ar e a coisa é coisa: nenhuma alegria
da celestial terra ilude os nossos espíritos, cujos
miraculosos desencantados olhos
vivem a magnificente honestidade do espaço.
as Montanhas são montanhas agora; os céus agora são céus –
e uma tão aguda liberdade exalta o nosso sangue
como se todo supremo este completo indubitável
universo nós tivéssemos (e apenas nós tivéssemos) feito
Excerto de um poema de E.E. Cummings
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Estou de pé imóvel à espera daquela cortina de água.
Estou descalça e sinto os torrões duros na sola dos pés.
Quando aquela cortina de água aqui chegar os pés vão enterrar-se devagar. Escorro para a terra.
Vem o calor e quando a terra de novo secar espero conhecer novos arquipélagos.
Esta é a paisagem matinal.
Afio o lápis a abro o caderno.
Debruço-me sobre a mesa e preparo as costas para o dilúvio.
Um telefonema amarra-me à nuvem,
que se dissolve se expande e se retrai arrastando a sombra à minha frente.
Desligo e volto a casa onde tudo recomeça.
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