13.11.07

Rufus, the king


© Rufus Wainwright

Há precisamente uma semana, fui ver o concerto que durou perto de 3 horas e que me impressionou de tal forma que não consegui escrever sobre ele até hoje.
Talvez porque precisasse também de digerir a percepção que tive acerca do que move as pessoas. Porque o que move as pessoas é estranho.
É estranho que quem paga para ir vê-lo não faça mais nada durante todo o concerto senão suspirar, demonstrando a sua completa frustração pelo facto de as preferências sexuais do rapaz serem tão explícitas. Acho que gostavam que houvesse margem para dúvidas, mas não há. Ele próprio se encarrega de dizer: "i'm such a little princess!", deitando por terra qualquer esperança vã.

E eu penso, mas o que é que isso interessa?
A verdade é que, neste caso, tudo gira à volta disso. Todo o espectáculo.
Mas o que estranhei não foi isso, afinal já era o terceiro concerto dele a que assistia (sim, fui a todos!), mas sim o facto de não conseguir perceber como agrada até a quem não percebe nada, a quem não percebe a música.
E a música é magnífica. E eu fico ali sentada a apreciar a evolução brutal, o sentido de palco, a forma espantosa como vestiu músicas antigas com arranjos e interpretações que as tornaram ainda melhores, e a voz. Aquela voz que me fez render ali à evidência de que tudo o que canta ao vivo soa muito melhor do que nos discos. São as peças do puzzle a encaixar-se, uma a uma.
E, no final, volto para casa a pensar que da próxima vez não vou ficar à espera de um convite de última hora para ir ouvir canções que passam a fazer muito mais sentido quando presenciadas ao vivo, tornando-se verdades universais qualquer que seja o seu destinatário.

1 comment:

Sara Leal said...

Eu, que também estive presente, tenho a dizer que me esqueci de sentir o meu corpo e fui-me confundindo com os feixes espessos de luz que cirandavam pela sala. E que durante uma ou outra faixa que mais me dizem, fiquei o mais imóvel possível, a absorver o mais possível daqueles momentos. Gostei muito, e foi uma surpresa ouvir o "Release the stars" daquela forma. Foi um álbum que me desiludiu um bocadinho, até o ouvir neste dia.