16.5.10

All on wheels


Muito se escreve sobre pedagogia e sobre as alturas adequadas das aprendizagens.
Eu tento acompanhar e digerir mas, como em todas as outras coisas pelas quais tento reger a minha vida, não gosto que me ditem regras nem que me digam que é proibido ou que tenho que me manter dentro da linha.

Nunca gostei de radicalismos, fossem eles quais fossem, nem de carneirismos, nem de psicólogos e pediatras a ditar regras como se fossem leis, esquecendo-se de uma coisa essencial que é para mim tão clara que não entendo sequer como se escrevem artigos de opinião ou livros, apenas com o fito do best-seller, a teorizar sobre um assunto esquecendo-se dela: todas as crianças têm necessidades diferentes, e cabe aos pais o bom senso de saber solucioná-las, colmatá-las, resolvê-las, entendê-las.
Elas não nascem programadas, não têm um botão on/off.
Para o problema A não existe a solução B, não são um problema matemático, nem uma equação e muito menos autómatos.
Quando eu era pequena entrava-se para a escola mais tarde, aprendia-se a ler mais tarde, não havia televisão como há hoje, nem dvd's, nem internet, nem tantas actividades disponíveis para as crianças, se bem que acho que tudo isso é bom com conta peso e medida.
O advento dos tempos modernos trouxe essas coisas todas e muitos outros estímulos, e ainda bem, o que faz das crianças seres muito mais atentos e desenvolvidos e mais participativos desde muito mais cedo na vida familiar, no mundo.

Hoje há quem defenda acerrimamente que as crianças devem apenas aprender a ler aos 7 anos. Que até aí devem apenas brincar.
Como se fosse uma regra inquebrável sob pena de trauma com sequelas irrecuperáveis para a vida.
Eu tenho uma criança de 4 anos que devora livros que finge que sabe ler, que quer aprender a ler, que decora o alfabeto, que tenta escrever e que eu não tenciono contrariar na sua intenção de aprendizagem.
A maternidade/paternidade e a vida em geral são um trabalho em progresso, com tudo o que isso tem de bom e de mau, com constantes adaptações necessárias.
Vi os meus pais cr
escerem nesse sentido e ultrapassarem limitações que lhes foram impostas, até numa questão de educação, para me verem feliz na minha vida até agora.
Considero isso um sinónimo de inteligência e de grande amor e espero conseguir fazer o mesmo em relação à minha filha ao longo da vida dela.

12 comments:

ELO °° said...

APLAUDISSEMENTS {pux já não sei dizer isso em português que vergonha ... mas dá para entender?} cheio de bom senso !

Bichos da Matos said...

Gostar de livros, de ler (nem que seja a fingir) e de alfabetos aos 4 anos é maravilhoso! Deixa-te ir e deixa-a ir que estão no caminho certo;)
Beijinhos, até breve!

InêsN said...

que bom que é ler isto neste exacto momento (o meu filho anda a realizar testes para que o ministério da educação autorize a sua entrada na escola 1 ano mais cedo que o "normal")...

Obrigada (às vezes sinto-me um bicho raro mesmo quando explico aos outros a necessidade de aprendizagem que pressinto no meu miúdo).

**SOFIA** said...

eu por acaso sou da opinião de que as crianças devem sê-lo até o mais tarde possível. eu só entrei par a 1a classe aos 7 anos e acho que isso não irá acontecer à minha filha, sob pena de ela se sentir excluída por ser "a mais velha", quando comparada a miúdos de 5 anos...
creio que se a tua filha tem interesse em querer saber, aprender, isso é de louvar, e a correspondência dos pais a esse pedido é importantíssimo. continua, adorei o teu texto, o teu modo de pensar.

na minha opinião só acho "mal" os pais que impingem aos filhos o conhecimento, as letras, os números quando eles ainda não estão prontos para isso, criando nas crianças angústias por não serem tão "espertas" como A ou B.

Lara said...

Como eu compreendo... às vezes sinto-me uma mãe quase negligente por ainda não ter posto o meu filho no infantário: e só tem três anos!! Ora se eu trabalho só de tarde e os avós estão em casa...
O que há de melhor para uma criança senão a companhia dos pais nos primeiros anos de vida?

Zita said...

Olá

Tenho uma sobrinha que foi para a escola com 5 anos e já sabia ler...
Não me parece que tenha traumas ou sequelas irrecuperáveis, muito pelo contrário...

Beijos da Zita

outra vez por aqui said...

Concordo com o que dizes. A minha filha também tem muita curiosidade com as letras, o alfabeto e os livros, faz 6 anos em Dezembro mas ainda não entra este ano para a 1ª classe porque não há vagas. Não estou nada preocupada, até porque apesar de ter essa apetência por ler e saber, acho-a muito bebezinha e imatura, então fica mais um ano na pré e vai matando a curiosidade em casa. Qdo. entrei para a 1ª classe em 1978 com 6 anos já sabia ler e escrever e, apesar da prof querer que eu fosse logo para o 2º ano, a minha mãe preferiu que eu ficasse onde estava com os meus coleguinhas, e fez muito bem!

maman xuxudidi said...

A tua filha está simplesmente a reproduzir o que o pai faz diariamente. Não tardará a reproduzir os teus gestos também, senão é já. E concordo que se deve apoiar, já que existe este insentivo!

Carina said...

quem fala assim, não é gago! :D

Gosto design lifestyle said...
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rita said...

muito obrigada a todas pelos vossos comentários!
e sim, acho que os nossos filhos nos mimetizam e isso é lindo, especialmente quando temos a certeza que nos esforçamos por ser bons exemplos e por fazer as coisas bem e por lhes mostrar e ensinar coisas boas ou, pura e simplesmente, aquelas de que gostamos.
a a. quer aprender a fazer crochet, eu disse que lhe ensinava quando soubesse ler. o pai gosta MESMO MUITO de livros. ora este mix foi surgindo, desde muito cedo, juntamente com uma cabecinha muito, mas mesmo muito bem organizada, e era natural que a fizesse chegar às letras antes do tempo previsto. sem dramas, sem pressões e, principalmente, sem deixar de ser pequenina e de brincar, apenas ganhando mais uma competência.
o mesmo se aplica à música, que se ouve cá em casa em abundãncia, e não deixa de me impressionar a capacidade que uma criança tão pequena tem de apreciar e apreender sonoridades complexas.

amnésia said...

Penso exactamente a mesma maneira, também não me dou bem nem com radicalismos nem com carneirismos e acho que a maneira mais correcta de educarmos os nossos filho é com bom senso. Como em tudo, vou seguramente fazer erros mas sempre com a consciência que fiz o que me parecia melhor para eles.
Não há realmente formulas e todas as crianças são diferentes, o importante mesmo é que se sintam amadas e sejam felizes.