6.1.07

O que é nacional é mesmo bom #1


JP Simões, 1970

Não tinha quaisquer dúvidas de que este disco iria cair-me no goto, mas esta música superou as expectativas mais optimistas.
E fica assim mais uma vez provado que a dor de corno no seu esplendor, afinal, pode contribuir para que coisas boas aconteçam.

Ps.: o disco sai no dia 15 de Janeiro e é uma boa maneira de começar 2007 em grande.

5 comments:

Anonymous said...

Eu acho que isto dá para os dois lados, há quem vá achar muito bom e quem vá achar uma roubalheira. Os que acham muito bom podem sempre citar o Umberto Eco, quando a propósito de Casablanca diz que a sucessão de clichés roça a genialidade, e safar-se airosamente. Os que acham uma roubalheira podem evocar o fenómeno de déjà vu musical. Eu acho que estou na equipa do déjà vu. É que eu gosto, acho bom e bem feito e tal e coiso, mas dá-me cabo dos nervos tentar identificar, a cada nova estrofe, qual a bossa nova que ele está a ser "evocada" desta vez. Essa música por exemplo é uma verdadeira manta de retalhos. Pode não ser exactamente uma apropriação mas anda lá tão perto que me chega a dar vertigens. É daquelas coisas à cat power, não se critica quem gosta nem quem não gosta, percebem-se ambas as partes :)

JP Sousa said...

Mas não haverá sempre uma apropriação qualquer? Onde acaba a apropriação e começa apenas a dimensão de referências e influências? Não terá o Chico Buarque se apropriado do que nomes como Caymi, Noel Rosa e tantos outros antes dele fizeram? Já para não falar da sucessão de bandas na área da pop que se reinventam dentro de formulas já experimentadas. Haverá hoje espaço para projectos imaculados e ausentes de referências? Eu sou da opinião de que ele faz muito bem em seguir aquele código da bossanova, combinando os dados que aí encontra. Se tiver de seguir alguém, que seja o Chico e o Edu Lobo. Talvez não os supere, talvez os repita até, mas após escutar este 1970, chego à conclusão que o faz com um talento imenso. E depois temos as letras ... :)

rita said...

ena, meninos! que bom que é chegar aqui e ver que alguém reagiu ao post!
o que eu acho, na verdade e depois de ter visto o chico ao vivo, é que restam poucas dúvidas de que alguém se pareça com ele. ninguém escreve como ele.
o que se passa com este rapaz é que nutre uma grande admiração por ele e isso transparece durante todo o disco. o som da bossanova, com todos os seus clichés está lá, no ponto, mas depois consigo perceber que escreve bem, muito bem mesmo, o que, convenhamos, no panorama actual da música portuguesa, com aquela minhoca do André Sardet a liderar o top de vendas, é quase uma benção!

Anonymous said...

eu sou toda a favor das citações, apropriações e outras coisas acabadas em ão que têm plural em ões, assim como das referências e das influências e afins. Acho é que há uma linha que quando ultrapassada nos faz dizer se temos um chico, um jobim, um etc e tal, todos com sotaque, como convém, porque nos faz falta um jp simões? concordo que nos faça sentir menos perdidos nacionalmente falando saber que ele existe mas eu não vou muito em fronteiras. e isto aplica-se a tudo não só ao jp simões e já o defendo há muito tempo, se temos o original porque precisamos da cópia só porque é feita no nosso quintal? o que é bom deve sê-lo à grande escala. O JP fez um album bonito, contra isso nada, concordo inteiramente, mas não acrescenta nada, é um tributo. na qualidade de tributo é genial mas não vai além disso :D
e sim ele tem talento isso é indiscutivel mas padece do mesmo pecado que a grande maioria dos nossos artistas, a diferença é que enquanto eles querem ser americanos e tocar rock n roll, ele quer ser brasileiro e tocar bossa nova. não é só porque o estilo é diferente que ele é melhor que os outros :) digo eu mas eu sei lá.

JP Sousa said...

Sim, Joana .. mas essa linha de que falas é indefinivel. É muito dificil saber quando começa um Chico ou um Jobim .. e a bossanova não é um feudo apenas deles. Ninguém pode fazer algo, armar uma cerca, e a partir dali quem chegar tem de se sentir embaraçado pelo que faz no mesmo género. Já em relação ao facto de os portugueses serem pouco originais, nisso concordamos ... precisamos de um ismo nosso, desde que não seja o nacional porreirismo :)